Arte. Um pouco patético - segundo seu próprio julgamento -, escolhia conforme suas ilusões, seus caprichos e miopia.
Escolheu não mais dizer, não punir a própria conveniência e não mais ficar sem as pequenas coisas que preenchem o vazio. Pequenas coisas que embriagam, carregam a alma para lá e para cá. Que monstros aceitou? E quais monstros que não podem ser afogados, mutilados e espalhados pela cidade? Não há monstro que não possa ser morto. Pode-se muito bem conviver com eles, porém, não há loucura sem remissão. Qual o maior dos crimes? O do silêncio daqueles que andam, esbarram em nós, e nos fazem invisíveis? A nossa vingança azeda e imperceptível? Quem é vilão? Quem é o agente e o sofredor? Não importam os papéis, nossa pele não será assim para sempre, nossos sonhos vão cair - e por que falar "sonhos" é tão pesado quanto "amor"?. Em cada bar cai um pouco a nossa vida, essa sombra silenciosa que nos rouba o viço de pouco em pouco, de gole em gole, de tragada em tragada, de silêncio em silêncio, de amor em amor. Tanto gris não nos faz gargalhar, mas ainda podemos, mesmo assim sem gargalhar, sentar no bar, com o braço no balcão e um sorrisinho qualquer, virar o rosto e ignorar.