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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

É básico, bicho

Não há lugar como o Básico. Não que eu gostaria de estudar lá, estou bem feliz com meu acanhado CCB, mas o Básico tem sua magia. Sua localização favorece um pouco, é um lugar onde você senta e logo aparece uma alma conhecida – que se diz atrasada para a aula de 8:20, apesar das 10 horas no relógio.

O fundamental, porém, é a quantidade de cursos peculiares: design, jornalismo, letras, cinema e cênicas. Basicamente (ah, sacou o trocadilho?), o coração pulsante da Universidade é uma terra de clichês e peculiaridades. Sabe o estudante de jornalismo gay que namora o estudante de design? Lá está ele. Aquele emo estranho? Aquela rodinha cult tocando violão? A garota do Letras Francês lésbica? A gótica lendo Nietzsche? A gaúcha que coleciona corações? A futura garota da previsão do tempo? Todos estão lá. E todos convivem felizes, claro com as pequenas cismas entre os cursos. Espanhol contra Inglês, ninguém dá bola pro Alemão e todos contra o Jornalismo – ei, é um fato, não fui eu que criei as regras, não tenho culpa se os jornalistas se escondem no aquário.

Eu gosto do Básico. O café é bom. Pessoas estranhas. Sempre alguém com um isqueiro. Lugar bacana. Só faltava vender cerveja.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ócio

Antes de ler esse texto, é bom engolir os outros 25 textos sentimentais que postei este ano, ver quantas marcações saudade, amor, vida e viagem estão neles, um pouco pela proposta de escrever textos melosos, um muito pelo que vou contar. Na verdade as marcações podiam ser só como ócio, que está em três textos, todos do kaxopa.

Ultimamente criei mil e uma teses sobre como os homens chegam em mulheres só por amizade e se se - odeio repetir o se se, mas o sono é grande - apaixonam por mulheres fracas, se o que elas procuram é poder mesmo. Afinal, teorias que nascem do ócio. A saudade da família, do meu pai, dos meus irmãos, do cheiro de europa, da copa argentina, do suco de uva de caxias, da minha gata pantufa, tudo, e quando digo tudo é TUDINHO, é fruto do nada.

Fruto talvez não seja a palavra certa – mesmo que o cazuza diga “tem o certo, o errado e todo o resto” - já que me lembra maçã, que lembra pecado e aquele papo adão e eva, que lembra putaria, que lembra american pie, que lembra cinema e, finalmente, crepúsculo. Essa linha de pensamento, como a inutilidade que eu escrevi agora, é o caminho do NÃO FAZER NADA. O fazer algo, mesmo que algo seja ligado a nada, como ler o livro da bruna surfistinha em um sábado a noite, revela um não pensar besteira e ser menos sentimentalóide – discuti a semântica recentemente e achei interessante; tese número um exposta no blog: A linha entre o brega e o meigo é tênue. Só pessoas muito inteligentes conseguem ser fofas de fato, caso não consigam, ficam entre o brega e o meigo: o sentimentalóide. Mas, voltando ao assunto vadiagem, no bom sentido da palavra, ele é a causa de 80% dos problemas emocionais que o nosso psicológico cria, exceto as pessoas estupradas, com parentes assassinados, filhos perdidos e muito, mas MUITO feias. O caso é que precisamos fazer coisas. Ponto. Cansei do papo e das teses – essas eu não vou pontuar aqui – o que acontece comigo? Como saio dessa? A resposta é simples: é só esvaziar os espaços em branco até notar que deus, ou quem quer que seja, decida que você merece pensar besteira sem acabar com a sua vida. Radical? É, eu tô com as botas pesadas.

Próximo post eu explico a história das botas pesadas, mas agora vou fazer uma besteira.



segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Quinze minutos sem adnet

Isso de quinze minutos ainda me dá medo. Teorizei sobre as coisas que falei, as pessoas que me apaixonei e os furos que eu quase dei. Tudo acontece em quinze minutos ou menos.

A mesa rosa, com aquele arranjo de flores de festa de quinze anos – depois meu irmão levou pra casa, pagando que comprou pra minha mãe na floricultura -, as meninas de vestido e os garotos de camisa e sapato. Tudo fez parte de mais um quarto de hora que mudou a vida de mais um, a minha, sinceramente, não notou em nada. O gordinho espinhento nem sequer fazia parte da decoração, não abria a boca e fazia o perfil detonado e loser pro resto da vida sem ligar. Achei engraçado e, como até hoje, tento fazer a maluca que entra na sua vida de repente. Dessa vez funcionou.

- oi, como vc tá aí sozinho?, vem beber coca com vodka!


- eu não bebo.

- Como não?

- Prefiro ficar sozinho

- Ninguém prefere ficar sozinho, as pessoas acabam tendo que ficar sozinhas


(***)

Também na festa de quinze, que dessa vez era a minha, apareceu mais um furão. O pai falava que não queria pessoas fora da lista, mas eu liberei bem uns 20 a mais, achava de esquerdinha. O cara era bonito, apresentável e perguntou meu nome e qual era a onda do meu anel tão lindo; “é de paris, meu pai me deu”.

-Pode sair comigo sem o anel?, juro que vou lembrar o seu nome.

- Onde iríamos?

- Assistir um filme no cinema

Esse cara me consumiu por mais de ano, até hoje aparece dia sim, dia não. Esse fez diferença na minha vida, e o diálogo que me apaixonou durou mais que cinco e menos que quinze minutos. Cuidado com essas frases de “efeito”, elas pegam a gente sem dizer oi.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Canción para mi poltrona

Cruzei as pernas como uma índia, sentei na poltrona da sala – aquela que eu uso pra tomar café oito horas da noite – e tomei uma canequinha, só que dessa vez quatro horas da tarde. Ao lado da poltrona estão os cds, dvds, revistas, porta retratos, recordações de viagem e, atrás de tudo, as coisas escondidas, os discos que eu mais gosto e escondo pra escutá-los quando eu realmente lembrar, sem vê-los.

O compilado do Fito Paez é um dos que eu não venderia nem pelo meu fígado. O argentino nem sequer tem qualidade musical – em quase todos os sentidos da palavra -, mas tem o sentimento e até o cheiro de córdoba. O cd é pirata, tem como primeira faixa Canción para mi muerte, a música mais triste, e mais ainda é a coleção que segue nas outras selecionadas. No meio da música, o Fito larga um thurururururutchururá. Tipo a Paula, minha hermana, que chorava deseperada de saudade do namorado, mas, entre o soluço, ria de qualquer coisa que passava. Ela mesma gravou o cd e, propositalmente, escolheu a primeira música. Lembrava de mim.

O rádiozinho, que eu ganhei da Letícia, fica ao lado da poltrona, aí não preciso levantar pra colocar os cds. Como o dia foi absurdo de bizarro: tive minha primeira tpm depressiva, escutei três pessoas chorando e meu irmão lembrou de me ligar, fui obrigada a lembrar das minhas viagens de fuga e, é claro, da argentina e, então, de córdoba. Fito Paez. Começaram os violinos tristes, o pianinho, eu relaxei, meus ombros baixaram, minha perna esticou, Hubo un tiempo que fue hermoso y fui libre de verdad, guardaba todos mis sueños en castillos de cristal. Poco a poco fui creciendo y mis fábulas de amor se fueron desvaneciendo, como pompas de jabón. Te encontraré una mañana dentro de mi habitación y prepararás la cama para dos...

Não vale a pena escutar quem não viajou, quem não conhece e gosta de Fito, mas vale a letra. Os Sui Generis escreveram a música, e é a canção pra quando um deles bater as botas. A thata super ama, mas acho que nunca contei essa história. Aqui está.

Azurra

Programa de domingo é sair de casa, ir à Ressacada e ver o Avaí jogar. Claro que com algumas cervejas no caminho e algumas companhias para falar mal da arbitragem, técnico e daquele lateral direito que adora matar as jogadas de ataque. Se não acontecer jogo aqui, e não for televisionado, vale ver o jogo da TV com o radinho de pilha no lado sintonizado no Leão.

Foram dois os jogos mais importantes para os torcedores esse ano, contra o Flamengo e Corinthians. Mas porque esses dois times? Talvez porque até alguns anos atrás aqui em Florianópolis era comum a pessoa torcer pelo Avaí ou figueirense e também torcer por um time de fora, geralmente Vasco ou Flamengo. A chance de ver o Avaí, time do coração, da sua terra, contra o time que você sempre teve muito carinho e torcia na série A, dá um charme à partida. Melhor ainda se o Imperador jogar, ver um dos melhores atacantes que surgiram nos últimos tempos (deixando de lado aqui os problemas pessoais), torcer para que seu time consiga segurar a pequena criança, tudo é mágico para um ano de estréia.

Já o Corinthians sempre teve uma ligação com o figueirense, seja pelas cores ou pelo gavião adotado pelas duas torcidas. Assim de cabeça, não conheço nem um corinto-avaiano. Outro tempero desse jogo é a rivalidade que surgiu na série B de 2008; brigas de jogadores, os dois times querendo ser campeões e o orgulho azurra cansado da segundona. Sem falar de um certo Fenômeno que iria destruir o Avaí. E vamos falar a verdade, o estádio só lotou por causa da presença ilustre do Ronalducho. No aquecimento você o avistava de longe, a camisa de treino branca sem manga recheada por quilos sobressalentes de... humm... habilidade futebolística. Era a segunda vez que ele pisava na Ressacada, na primeira ele havia marcado seu primeiro gol pela Seleção, em amistoso no ano do tetra.

Mas quem foi ao estádio ver o Ronaldo - brilha muito! - se arrependeu, só viu um chute à gol da pelota. Quem brilhou mesmo foi o Avaí. O Timão ficou perdido em campo, envolvido por um Avaí inspirado. É, nós avaianos temos que aproveitar essas horas para se gabar um pouco. Estamos ai, podendo disputar a Libertadores, confirmados na Sul Americana e garantidos na série A do próximo ano, nada mal para uma tartaruga encima do poste.

Três tentos a zero contra o rubro-negro e score de 3 contra 1 no alvinegro. Nos maiores do país. Trinta anos depois, agora com o devido respeito. Esse Avaí faz coisa...

sábado, 7 de novembro de 2009

aaaaaaaaaaaaaaaaaah, é você!

O kaxopa sabe da minha paixão nem tão enrustida pela Natalie Portman, linda em todos os filmes que já fez careca, loira ou com cabelo chanelzinho. Filha de uma BOA puta. O último filme que eu vi foi o Garden State, onde ela atua como uma mentirosa linda (claro). São três amigos que estão na capa do dvd gritando em cima de um ônibus e na chuva. Mas não é gritandinho, é GRITANDO mesmo. Mesmo, mesmo. Quase como se a vontade fosse de estourar os ouvidos do maior fofoqueiro do mundo e o desgraçado não ter mais a razão de viver.

O filme é depressivo, e não vi lugar melhor pra escrever sobre. O personagem principal, o cara do Scrubs, Zach Braff, é viciado em lítio e carrega a culpa de ter matado a mãe. A coisa fofa da Natalie, com toda uma filosofia “saia dessa vida e grita comigo o mais alto que você conseguir”, aparece usando fones de ouvidos e escutando the shins.

Me lembrei, então, do compromisso de amanhã. A pessoa que me faz gritar mais alto que o fofoqueiro com o ouvido estourado, os dois amigos da natalie, o schuch no corredor e a luisa em dia de festa, está chegando. A diferença entre uma pessoa que fez e uma que sempre fará diferença na sua vida é clara: a que fez, você não lembrará se ela te ligar dizendo: - oi, que saudade, é a fernanda luise da costa – quem?

Agora, se aquela pessoa, aquela que já compartilhou aquela colocada pra fora de todos agudos do estômago, liga daqui a 15 anos, é só você escutar o

-oi, é o m.- aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah.

- pronto acabou de soltar outro agudo daqueles, hein, amiga!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quem se importa com o café da manhã?

Isso de ser âncora não é o meu tipo. Anda como quem nem se importa, fala como quem nem se importa. Isso de abraçar a vida e sair dando mil rodopios até deus gritar “ei, você está com os dois pés fora do chão e eu vou te soltar!” nunca aconteceu com ele. Sempre erra nas escolhas “pão com requeijão ou nutella?”. O requeijão sempre tá estragado. E quando escolhe a nutella, ela simplesmente não existe. Ou escolhe os dois, porque na pressa não consegue pensar direito “pronto, vou passar os dois”. Cagada. O sabor fica nojento, asqueroso, e o pote de nutella nem abre com medo de perder o gosto supremo de ferrero rocher.

Mas, sem dizer oi, um dia apareceu geléia de uva na geladeira. Sim, aquela que os alemães comem com nata e leite bem gelado. A embalagem era redonda, muitas curvas para não escorregar da mão, quase como esses shampoos profissionais chiquérrimos. Na tampa do vidrinho com a tampa dourada estava escrito “a melhorrrr geléia do mun-do” e, logo abaixo da marca, “se não for a escolha mais maravilhosa que você já comeu na vida, devolvemos o seu dinheiro”.

Ele ficou desesperado, sem reação. “Como assim, não, não, NÃO PODE SER!

Tudo o que aprendeu, com as 128738274846 regras do capitão Alceu, seu pai, professor, nutricionista e patrocinador até os dias atuais, desde mil novecentos e guaraná com rolha, é que o melhor café-da-manhã com café é pão com nutella. Como aquela coisa roxa foi parar na geladeira?

Continuou com a porta aberta, como quem nem se importa, como quem nem sabe escolher, como quem só quer pensar. Chorou. “Não sei o que fazer, não sei trair meus princípios.”

O auto-conhecimento, portanto, é complicado. Ele sabe que sempre amarela, que tá cansado da nutella. Só o fato de pensar que a geléia pode, mesmo que por dois minutos, ser a coisa mais maravilhosa que já passou pela sua vida. É muito desafio para uma manhã só. Fechou a geladeira.

Olhou para a mesa, a toalha branca, seu pai sentado, dois pratos, duas xícaras com café, uma cesta de pães e ela, a nutella, o gosto preferido pela maioria.

Nunca dentro da geladeira, ela é quente e saborosa. À príncipio, é a melhor coisa que você já comeu, mas custa caro. A geléia é barata, mas quem se importa? Ele não liga, mesmo sabendo que está enjoado do gosto doce e superficial do chocolate. Podia ser geléia de uva, mas como eu já disse, ele anda como quem não se importa, ele se esforça como quem não se importa, ele não se esforça e não se importa. Mas sonha com a tampa dourada, pode ter certeza.



What a Wounderful World

Já me disseram que os temas expostos por mim aqui e em outros blogs são repetitivos. Eu até penso concordo, mas acho que me sinto mais à vontade quando falo sobre os comportamentos e relações sociais atentamente observados dia à dia.

Saindo da faculdade em uma quarta-feira calorenta desses últimos dias, eu constatei o quanto o ser humano acomoda-se na rotina cega do cotidiano. Na noite passada eu estava completamente absorto em reflexões sobre os meus relacionamentos e o meu futuro pessoal/ profissional; naquele momento quando tudo se mistura e quase nos precipitamos em mais uma crise de identidade. Confesso que sou extremamente vulnerável a essas. Fui dormir realmente duvidando se eu conseguiria levantar no dia seguinte para encarar uma vida de normalidades e carapaças sociais.

Me impressionei com a naturalidade em meu levantar sonolento para colocar mais dez minutos de “soneca” e depois tomar meu café-da-manhã já pensando nas resoluções que teria que tomar no transcorrer do dia. “E a crise de ontem?” – vocês me perguntariam. Pois é, mas tem um fator constatado por mim depois de alguns perrengues antigos, que agora minha mente já o executa de forma automática: minimizar os problemas e crises para que as tarefas possam ser desempenhadas da forma mais competente possível.

Esse é o ponto onde eu quero chegar. Depois de um dia inteiro de estudos e trabalho, ao retirar meu carro do estacionamento superlotado da faculdade, eu fiquei pensando em quantas pessoas não acumulam – e anulam – frustrações, traumas e angústias ao usar o artifício da rotina excessivamente atribulada que nos impõem todos os dias.

“Não tenho tempo para isso, tenho que ir sempre – e obstinadamente – em busca da minha ascensão social.”

Quando nós chegamos lá, sem mais montes e montanhas a transpassar, observamos furtivamente – com o cantinho do olho sobre o ombro – os problemas que deixamos pra trás e que agora virão se escancarar à nossa frente.

Esse é o nosso Mundo Moderno. Mundo Medíocre. Mundinho Merda.

Pois é…

Todos já passamos por isso acho…

Em breve com uma nova histórinha para vocês!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Nova Participante!

E aí gente? Belezinha? Então... eu obriguei o Kaxopa a me deixar fazer parte do blog, eu disse que queria escrever sobre filmes, livros, músicas, novelas, séries e etc... e aí depois de muita resistência ele deixou! \o/ Agora faço parte do blog! O Kaxopa disse que "esse é um blog de crônicas", portanto, não esperem crônicas de mim, não tenho o mínimo talento para isso.
O meu objetivo é não envergonhar o dono do blog (escrevendo crônicas), por isso resolvi escrever sobre variedades já mencionadas anteriormente.
Bom... eu ia escrever sobre algum filme que eu havia visto recentemente, porém agora estou assitindo ao jogo do São Paulo, então não será possível. \o/ rumo à liderança gente!!
O segundo tempo começou galera!!! :)
Até mais!