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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Nota de fim de ano?

Faz tem que não escrevo nada novo. Estou sem vontade, sem o mínimo saco. Mas se eu parar, tenho que torcer para a Carol manter o ritmo, senão isso fica jogado às traças. Não que eu esteja desistindo de escrever, longe disso, simplesmente me faltam as palavras para tudo. As bolhas nas pontas dos dedos me tiram a vontade de digitar e os vícios me deixam longe de casa. Um coquetel antipostagem, praticamente.
Bem, estamos no final do ano. Véspera de natal, uma semana para o ano novo. Tempo de retrospectivas, promessas, cheque especial, suicídios, presentes, 13º, ficar torrado como um camarão, viajar, desejar felicidades (ironicamente ou não), a lista é longa... E, no lugar de fazer alguma coisa assim, você fica lendo isso? Faça-me o favor, levanta e aproveita os últimos dias de 2009. Ler blogs não leva a nada.
Feliz Natal e etc...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Vocês

Acho que quem mais lê esse blog são mulheres. Para falar a verdade, nem sei quem lê isso. Nunca mais uma alma viva comentou algo. Então isso é para vocês mulheres, criaturas feitas de uma costela e muitos hormônios.

Mulher é um bicho engraçado. Não vou entrar no mérito do seu ciclo menstrual e humor flutuante, pois, como diz o velho ditado, não se pode confiar num bicho que sangra por cinco dias e não morre. Falo da índole que essas amáveis criaturas têm, de se manter em um estado simultaneamente indecifrável e inteligível.

Uma mulher não se decide. Queria ficar sozinha e se reencontrar. Na grande oportunidade que teve fez justamente o oposto, agora está presa ao presente, com a cabeça no passado, mas temendo o futuro. Entendeu? Não? Nem eu... Outra diz que quer, mas quando consegue muda de idéia. Inventa uma desculpa, abaixa a cabeça e reclama a rejeição, que ela sequer deu chance de acontecer. A terceira é um grande mistério, um ponto de interrogação, cada movimento é imprevisível e uma caixinha de surpresas. A quarta, mas não menos importante, não é mais a mesma, mudou da água para o vinho, e tenho medo se ainda conseguimos nos dar bem por causa disso. Tem aquela que parece que não cresceu, se porta como colegial, mas quer ser adulta. Por outro lado, uma se porta como adulta, mas não tirou a cabeça do lugar desde o ensino médio.

Mas ainda estranhas e incompreensíveis, elas tem o que queremos. Não estou falando apenas do sexo, mas daquele algo a mais da vida, o que aquele “ponto G da alma”, como Jabor disse, proporciona. Seria o amor? Sentimento tolo, cego e inconseqüente que faz tomarmos decisões sem pensar? Ou apenas sua companhia? Sua voz cálida, seu toque em nossos braços quando nos falam como amantes, ou apenas amigas? Fico com o Poetinha, sábio conhecedor das mulheres, nessa.

 

"Mulheres existem para serem amadas, não para serem entendidas.”

Vinicius de Moraes

 

22/06/2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Minha garotinha do fundo do baú

As havaianas eram menores do que hoje, ou seja, bem menores que o 34, ou seja, muito pequenas. Oito e meia da manhã era o prazo de fuga, quando acordava com a disposição que nunca mais teve, pulava no ombro do papai, que nunca cansava de chamá-la de minha garotinha. O presente de um Natal anterior qualquer ainda era o favorito – a bicicleta, e as Barbies não tinham mais atenção. Já estava no portão com os doze cachorros latindo para as rodas, mas antes de descer o morro da Fortaleza, a mamãe dava o melhor de si, pode acreditar: limpava a gripe na manga, passava protetor solar no rostinho bochechudo e fazia duas trancinhas que começavam do alto da cabeça até quase o quadril, onde terminavam os cachinhos da garota. Os dois irmãos marmanjos quase sempre desciam ao mesmo tempo de carro, acompanhando a corrida o caminho todo – estavam indo atrás de umas putas na praia. Ao chegar no cruzamento praia e riozinho, eles se despedem e ela fica sozinha, sem ligar. Tira o vestidinho de praia, mostra as perninhas finas, esquece a bicicleta e pula no rio. Ela fica esperando, porque logo chegaria o papai pra ensinar mais uma posição de natação. Ela adora nadar com ele.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Barfly

Adoro ir a um bar. Fato, todos sabem, não nem porque comecei o texto com essa frase. Enfim... Dependendo da situação e companhia, quanto pior o bar melhor. E de vez em quando é bom sair do circuito universitário da Trindade-Carvoeira-Córrego-Pantanal: Quebra-Gelo, Iega, Nina, Meu Escritório, Gus, Vasquinho/Cocaina, Midnight, todos são bons, uns mais que outros, um você não leva a namorada, uns você nem sabe quanto gastou até o bar fechar. Mas o mesmo garçom de sempre e a mesma mesa plástica da Skol, exigem uma mudança de hábito de tempos em tempos. Um telefone inesperado pode fazer isso por você.

Quando o telefone tocou, eu estava jogado no sofá, assistindo Jornal Hoje, morrendo com o calor infernal. Para não me estender em diálogos e histórias, ele tinha que entregar o TCC na faculdade, mas ia ter que ficar esperando até a orientadora chegar. Como não é bobo, ligou pro amigo que morava mais perto e que sempre topa uma parada cervejeira no meio da tarde para um gole. Sinceramente, não o culpo. Desliguei o telefone, peguei a camisa e os tênis surrados e me mandei a pé para o rendezvous.

Chegamos lá, todos os bares dos arredores fechados. Não sei qual o negócio desses bares de faculdades particulares, fechar em plena tarde quente de quarta-feira. Não faz sentido. Conseguimos informações em um restaurante quase fechado que existia um bar no outro lado da rua. Estranho porque só tinha uma loja de colchões lá. Fomos mesmo assim, o que tínhamos a perder? Já estávamos suando como porcos mesmo. Para nossa surpresa, existia uma sobloja – dúvidas sobre a existência dessa palavra – escondida. Descemos a escada e ali estava o oásis.

O boteco, sim aquilo sim era um boteco por definição, o diminutivo de “botequim”, segundo as proporções e “decoração”. Era um daqueles bares que você imagina o cara que concerta sua lavadora de roupas tomando uma cervejinha depois do expediente. A mulher tinha recém aberto as portas, era tudo nosso. A entrada estreita não dava lugar para mesas, só o balcão e seus bancos. Era um balcão daqueles que a metade de baixo é uma janela de vidro do refrigerador, cheio de refrigerantes dentro, diversão para todas as crianças, embora eu duvide que alguma freqüentava o ambiente. Na parede um brasão do Figueirense e outro do Vasco, só faltava um pôster de Campeão Brasileiro. Entre os brasões Nossa Senhora de Fátima olhava para a geladeira de cerveja.

Mal sentamos e a mulher do bar ligou o radinho, só sertanejo. Pedimos uma cerveja. “Schin ou Kaiser?” Dá-lhe Schin. A primeira veio congelada, a segunda no ponto. Marlboro vermelho na mesa, cinzeiro a caminho, isqueiros acesos, fumaça pelos ares. No fundo escuro do bar, duas mesas de sinuca. “Isso ta começando a melhorar”. Alguns jogos, papo vai papo vem, estava na hora de ir.

Meu Deus, como é bom abrir um bar. Você se sente tão digno. Ai ai, adoro ir a um bar. Fato. Acho que vou terminar agora, está ficando repetitivo.