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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dança de Jim Bean?


Acordei lentamente com a cabeça latejando. Outra noite bebendo, mais uma noite sozinho. Quando você dorme numa cama tão grande e tão vazia por tanto tempo, você nem se lembra mais de como é ter alguém. Dizem que o amor é como uma festa, quando você está dentro dela, está louco para sair, mas se você está fora fica puto por não ter sido convidado. Bem, não vou muito nessa, mas não me importa. Fiquei sentado na cama por um tempo. Olhei o relógio no criado-mudo, dormi demais, de novo. Levantei e abri as cortinas. Meu quarto está uma desgraça. O pequeno cubículo com uma geladeira, cama, criado-mudo, cômoda e uma escrivaninha em frente à única janela, todos dispostos conforme o espaço permite, estava sujo, maços de cigarro no chão, cinzeiro transbordando e uma garrafa de brandy pela metade.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Nota

"Mas encrecas e a dor é que mantêm a gente vivo. Um trabalho de tempo integral. E às vezes nem dormindo dá pra descansar. No meu último sono, eu me via embaixo de um elefante, não podia me mexer e ele soltava um dos maiores cagalhões que eu já vira, já ia cair, e aí meu gato, Hamburger, passou por cima da minha cabeça e eu acordei. Se a gente contar esse sonho a um psiquiatra, ele vai tirar uma conclusão horrível. Pois se a gente lhe paga os tubos, ele vai dar um jeito para que a gente se sinta mal. Vai dizer à gente que o cagalhão é um pênis e que a gente está ou assustado ou que deseja aquilo, alguma merda deste tipo. O que quer dizer é que ele está assustado ou que ele deseja o pênis. É só um sonho sobre um grande cagalhão de elefante, nada mais. Às vezes as coisas são apenas o que parecem ser, sem nada demais. O melhor intérprete do sonho é o próprio sonhador. Guarde seu dinheiro no bolso. Ou aposte num bom cavalo."
- Bukowski