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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Releituras

Férias, fim de janeiro já. O relógio faz tic-tac; cedo o horário de verão acabará, o período de ajuste de matrícula chegará e tudo vai voltar ao estranho tédio. Não, “tédio” não é a palavra certa. Queira ou não a volta às atividades normais quebra uma monotonia, ou melhor, troca a monotonia. A animação suspensa do começo do ano pela rotina corriqueira universitária.

De qualquer modo, estamos na metade do processo. O tempo ainda existe, a praia está lá fora, mas o tempo não ajuda. Então, antes que me perca mais nessa nota, aproveita o tempo livre que perdes na internet e visita o Projeto Releituras.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sonho

Hoje tive um sonho bom. Aqueles sonhos que embalam o sono, parecem que nunca vão acabar, e, quando acabam, lhe deixam feliz; feliz, porém, não pelo seu fim, mas pela leveza que deixam na alma. Um sonho que alegra o espírito, que resgata tudo aquilo que o vil tempo tentou, em vão, apagar.

Aquele sonho que vem uma vez por ano, semestre ou mês, aquele que te renova, ausente de interpretações freudianas ou místicas quaisquer. É simplesmente um sonho, o mais puro deles. Um sonho que cura o frio da alma dos poetas de antigamente, mas, mesmo curando-os, não os impede de escrever suas bobagens bem meigas para todo mundo os achar ridículos. Sonho que não pode ser descrito em prosa, somente em versos de rima rica e métrica exata.

Hoje tive um sonho, quem ler isso vai saber. Terá certeza de que em algum lugar, algum dia, alguém a teve, com o maior bem querer. E até mesmo o vil tempo nunca apagará isso.

http://www.releituras.com/rubembraga_desaparecido.asp

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Um Homem precisa viajar.

Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como imaginamos e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e simplesmente ir ver. Não há como não admirar um homem - Costeau- ao comentar o sucesso do seu primeiro grande filme: "Não adianta, não serve para nada, é preciso ir ver". (...) Pura verdade. O mundo na TV é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo."

Amyr Klink

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

É desconcertante; Rever o grande amor.

Tocava regional fm no outro lado da sala de espera do consultório. Sozinha esperando a terapia, o cheirinho de flor de laranjeira, o sofá bege e ela. ELA.

Deixa eu te analisar, vamos inverter. Seus cinquenta anos, uma calça jeans, uma blusa de renda com um grande colar e all star. Deixa eu te contar, estou como sempre. Todo o esforço de acabar com a mente lotada não funcionou. E aquela onda de você não, você sim, meu antigo amor, a paixão desesperada, a raiva desesperada, o adeus no aeroporto, tudo, tudo isso é mais forte que o ainda. Porque toda vez que jogo algo fora, ainda, por mais que doa, é com [por] ELE; os novos perdem em qualquer comparação. Porque eu colocava o pijama sabendo do elogio, que ele tirava pelo cheiro entre os seios. É difícil saber que o amor próprio é mais importante depois de escutar que meus fios de cabelo são perfeitos. Seus pêlos são lindos. Seu coração é feito de qualquer coisa que quebra, mas que ele seguraria. Foda-se o amor próprio, prefiro ser amada assim. Os filmes passavam - assim contávamos o tempo - e eu continuava no mais alto pedestal, com margaridas na base e músicas perfeitas pra eu rir escutando. Ele me carregava pela casa, ou pela rua, ou pelo mundo, nunca pelos mesmos lugares, onde eu sempre pisava primeiro, já que meu nome começa com C, uma letra antes da inicial dele. E os anos passaram, eu caí do pedestal, ele me segurou, eu quis soltar as mãos dele, ele perdeu os dedos. E eu aqui, escutando regional FM. ELA disse que sem amor-próprio não se pode viver. Eu disse que só dá pra viver assim quando alguém não te ama tanto, que tira tudo que já teve.