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domingo, 3 de outubro de 2010

Poça

Quando andamos pelas nossas cidades, poucas vezes nos damos conta da beleza que se esconde à plena vista. Mas algumas situações nos colocam em perspectiva. Toda a fragilidade, rapidez, volatilidade da vida é colocada em nosso caminho. O destino surreal, ou o azar desgraçado, dependendo da sua fé, nos joga na cara a sorte que temos. Então damos valor, nem que por um dia ou algumas horas, à beleza do que nos cerca.

A Beira-Mar na madrugada chuvosa... O breu tomou conta do mar, pousou sobre ele, deixando apenas o chiado das ondas revelar sua presença. No outro lado, o concreto, aço e vidros brilhantes e luminosos hora dormiam, hora acordavam, como uma madrugada comum de sexta-feira deve ser. Na estrada, o carro deslizava sobre a água da chuva, um espelho distorcido das luzes dos prédios, postes e semáforos. Ele engolia as linhas brancas e quase planava com o vento forte que balançava as placas.

O carro dividia a noite do motorista, de um lado as trevas, do outro a luz. Mas o destino estava longe, as luzes que escorriam nas poças da pista teriam de ficar para trás. A notícia, que nenhum pai - nem ninguém – quer, chamava-o para o pior lugar possível. Naquela madrugada, as trevas acolheriam melhor o motorista às luzes. Tudo menos aquilo.

Nessa noite ele descobriu da beleza de uma simples poça na avenida escura.

2 comentários:

tefa disse...

deveria ter um "curtir" aqui que nem no facebook xD

Daniel disse...

posso providenciar algo parecido... ^^