É um martírio desumano. Como colocar uma enorme pedra sobre o peito de um pobre diabo. É extirpar a humanidade e o calor da vida de um homem. E cobri-lo com uma camada de fúria e asco de sua própria inabilidade.
Sentar em frente à tela vazia, sem palavras dançando e fluindo, com o vazio da imagem mesclado ao vazio interior que cresce. Tentar exprimir o máximo em poucas linhas, porque você sabe que só escreverá poucas linhas, e satisfazer o gênio que punge as entranhas. Tudo por um gole, por uma tragada, de inspiração para acalmar, quiçá afastar, esse espírito, que se revira no interior embotando o corpo de angústia e dor.
E mesmo tentando, surrando o teclado e a mente, o corpo sucumbe. Não consegue levar o espírito à matéria. É fraco, boçal, sem harmonia e inspiração.
E mais um parágrafo, uma vírgula, um ponto final. Nada se resolve.
Patético.
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