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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Mais um sonho…

“Amor... amor...”, cada palavra era uma sacudida que ela dava no ombro dele, “acorda, amor...”

Levantando a cabeça e fechando a boca, que esboçava um pequeno filete de baba escorrendo, confuso, talvez ainda bêbado, não pensou muito. “Fala...” Os olhos nem se abriram.

“Amor!” Ela puxou o travesseiro dele em um safanão violento.

Com um salto, ele levantou todo o tronco do colchão, sentando na cama.

“Pronto, acordei!” Coçou os olhos usando as costas da mão. “Que foi, baby?”

Ela puxou o corpo dele para junto do colchão novamente. “Tive um sonho.”

“Eu também estava tendo um... bem bom por sinal...” Deu um grande bocejo.

“Cala a boca e me escuta, amor” O pedido foi quase amável.

“Mas eu tinha um grande...”

“Amor.” Disse ela cortando-o secamente. “No meu sonho... eu...” Parou por um instante. “Um grande o que?”

“Ahm?” Sua cara se contorceu de dúvida.

“Um grande o que? Um grande o que que você tinha?”

“Do que a gente tá falando? Do teu sonho ou do meu?”

“Tá bom, amor. Esquece. No meu sonho você perdeu o tesão por mim.”

Ele deu um sorriso desdenhoso, virou-se e abraçou seu travesseiro. “Que bobagem, amor, vai dormir.”

“É sério!” Deu-lhe um tapa no braço. “A gente tinha uns quarenta anos e você não ficava mais de pau duro pra mim.”

Com certo esforço, ele se virou para ela e se apoiou no cotovelo.

“Baby, esquece, é um sonho. Sonho é bobagem... Por exemplo, eu sonhando agora que tinha um grande...”

“Grande o que?”

“Ahm... nada, esquece.”

Os olhos dela se estreitaram o máximo que conseguiam. Grandes orbes negros, penetrantes e inquisidores.

“Fala do teu sonho vai...” Disse ele se entregando.

“Basicamente é isso.” Resumiu ela.

“E porque você me acordou?” Cada vez mais ele cedia aos braços de Morpheus.

“Eu pensei numa coisa. Tive uma ideia. Acho que você vai gostar.” Com o silêncio dele, ela lhe deu outro sacolejo. “Acorda, porra!”

“To acordado...”

“Eu decidi que... você tá me escutando mesmo? Olha que eu mudo de ideia.”

“Fala, amor... quero dormir...”

“Tá. Daqui a vinte anos, eu faço um ménage com você, se você quiser.”

Agora ele acordou de vez. Abriu os olhos no maior espectro possível, e levantou novamente. “Repete que eu não entendi.”

“Eu deixo a gente fazer um ménage.”

“Tipo, sexo a três?” Seus olhos brilhavam esperançosos.

“Sim, sexo a três.” Ela confirmou balançando a cabeça.

“Tipo eu você e outra mulher, né? Tenho regras quanto a pirocas perto do meu rabo.”

“Sim... também não quero saber de outro pinto. De penetração dupla, o vibrador dá de dez a zero.”

“É, você gosta mesmo daquilo...” Deu um sorriso bobo. “É...” Seus olhos viajavam em lembranças cálidas, suadas e grudentas.

“É para você não perder o tesão por mim. Não quero te perder.”

“Baby.” Ele trouxe mão da mulher à sua virilha, intumescida e pulsante. “Você acha que eu vou perder isso?”

“Meu amor.” Deram um longo beijo.

“Mas se quiser puxar para um ano o prazo do ménage, não tem problema.”

“Idiota.” Disse ela dando-lhe outro tapa, dessa vez leve e amigável. E dessa vez ele disse que doeu. “Você tem muito tesão ainda.”

“Droga... É verdade...”

Depois de um período de silêncio, em que estavam abraçados, se acariciando e beijando, ela lembrou-se.

“Que coisa grande era aquela que você estava sonhando?”

Ele deu um puxão carinhoso no cabelo de sua nuca.

“Cala a boca e tira a roupa, amor.” Era uma mistura de ordem com pedido mimado. Ela sorriu de desejo e completou:

“Por que você acha que eu to de roupa, amor?”

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