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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Contos Infantis (partes II e III)

II

Cecil estava chegando a sua casa após uma noitada no bar. Havia jogado pôquer a noite inteira, apostando alto e ganhando dinheiro dos outros jogadores compulsivos. Apesar dos altos lucros no jogo, o dinheiro mal conseguia pagar seu estilo de vida boêmio, lotado de rabos-de-saia e bebedeiras, fazendo-o dever meses do aluguel da casa. Seu pequeno lar estava sujo, bagunçado e praticamente vazio, apenas a geladeira e o sofá ainda não foram penhorados para pagar as dívidas. Sentado no solitário acolchoado e bêbado, acendeu um cigarro, deu algumas longas tragadas e começou a adormecer.

No dia seguinte, o lobo acordou com batidas violentas e gritos chamando-o na porta. Jogou a chepa de cigarro que ainda estava entre seus dedos no canto da sala e andou preguiçosamente até a porta, enquanto a ressaca martelava sua cabeça como uma britadeira. Nem se preocupou em olhar quem batia a sua porta pelo olho mágico, simplesmente abriu. Atrás da porta, com pupilas dilatadas e um enorme cheiro de uísque e nicotina, estava seu antigo amigo Soneca. O coelho falava rapidamente, no limiar do entendimento, sobre um incrível esquema cheio de possíveis prisões perpétuas e muito lucro. Cecil não pensou duas vezes, abraçou a idéia do seu amigo peludo, e juntos foram ao bar discutir os detalhes da operação.

III

Era uma manhã quente de verão quando o telefone de Maria Joana tocou. Quando atendeu o telefone, a voz ríspida do outro lado da linha era inconfundível, era sua avó. A velha senhora trazia as notícias do bosque onde morava, e tinha um pequeno pedido:

- Querida, cê pode trazer pra sua velha um pouquinho do tinhoso? O meu acabou, minha filha.

- Pô vó, cê ta fumado demais, os mexicanos não podem te vender?

- Pablo disse que não me vende mais até eu pagar o que tô devendo.

- Pode deixar coroa, conheci um cara do CFH* que fornece uns de alta qualidade, dizem que vem direto da estufa do CCB*.

- Então aparece aqui hoje de tarde, bem.

- Beleza velha, vou aproveitar e pegar uns cogumelos no caminho.

Após o almoço, Maria tomou seu prozac, pegou sua mochila, seu gorro vermelho do Che Guevara e rumou para o velho bosque.

Apesar do sol intenso, o bosque estava bem fresco devido à sombra dos grandes pinheiros e ciprestes. Ao caminhar, Chapeuzinho Vermelho, como Maria Joana era conhecida (devido ao gorro vermelho e suas idéias marxistas), parava para colher os delicados cogumelos que cresciam na base dos pinheiros, “Esses vão render um bom chá” pensava. A estrada estava relativamente movimentada para um domingo, Chapeuzinho até encontrara Joãozinho e Mariazinha, dois jovens irmãos polacos e meliantes que andavam pela floresta roubando comida de viajantes desavisados, e Mary e seu carneirinho, uma conhecida ninfeta da região.

Quando Joana chegou à parte mais fechada da floresta, uma sensação inquietante de perseguição começou a angustiar a jovem. Ouvia até barulho de pinhas sendo pisadas e gravetos quebrados. O suor escorria no rosto da garota, enquanto apressava o passo para chegar à casa de sua avó.

* CFH: Centro de Filosofia e Ciências Humanas e CCB: Centro de Ciências Biológicas, da UFSC.

2 comentários:

Anônimo disse...

maria joana uaioeiuae 8D
ja colocou o nosso sagrado centro no meio...pff...o cfh tudo bem ne, mas o ccb...? xD

Daniel disse...

c'est la vie