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sábado, 22 de maio de 2010

5 maneiras de cortar uma árvore

Inspirado na série conceitual da Aglair Bernardo, quando a proposta é 5 maneiras de cortar uma laranja.

5 maneiras de cortar uma árvore, sábado, 22 de maio.

Cai uma árvore empurrada pelo vento, observada da sacada. Nem sequer havia uma serra ou um homem para gritar avalanche. Essa é a melhor maneira de tombar, ao destino, tranqüila, como deve ser. Às vezes, quando a árvore é um pouco desmilinguida, o melhor é cortar galho por galho, para evitar o caimento do seu mesmo lado. É quase uma tortura chinesa com a planta. Depois de tirar pedaço por pedaço, o golpe fatal é na estrutura, como uma última chance de entender que chegou o fim.

A terceira maneira economiza tempo. Você não quer vida nela, então a serra corta na base, e é de uma vez. A vantagem é que a culpa também dura pouco, logo outra semente cai na terra, e a árvore nem sente cada pedaço roubado. É uma solução egoísta, onde você machuca vasos floema e todo resto, mas só uma vez. Mais fácil ainda é quando a árvore é pequena, mas será plantada em outro solo, é só arrancar a raiz. Ela fica algumas horas em alfa, mas logo se conecta consigo mesma, voltando a ser vida.

A última é, sem dúvida, a mais cruel. Utilizada pelos grileiros do norte, usam uma serra que recebe força dos dois lados, por dois homens. Enquanto um empurra, o outro puxa. Duas pessoas. A serra vai entrando de pouquinho em pouquinho naqueles grandes caules de 4 metros de raio. Primeiro a epiderme, a derme, nervuras, estomas, tricomas, tudo sendo cortado por duas forças que nem pensam no que existe dentro daqueles 20 metros de confiança.

E cai. Com tudo dentro dela e em pedaços, pronto pra virar criado-mudo.

2 comentários:

Camila Garcia disse...

Achei lindamente deprimente.
E embora depressão possa render bons frutos, quero te ver melhor.

Mari disse...

concordo com a Camila, adorei o texto. principalmente a metafora!