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domingo, 9 de janeiro de 2011

Palácio – II

Continuação do conto baseado em causos reais Palácio. Não leu? Clique aqui.

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Uma semana depois do telefonema, Caio avisou que sairia novamente com os amigos.

“Onde vocês vão?” O rosto quase realmente ingênuo de dona de casa brilhava na sala em frente à televisão.

“Na casa do Rodrigo. Beber, fumar uns charutos, falar bobagem...” Enquanto falava, Caio tirava as chaves do carro de cima da mesa e caminhava para a sala. Se despediram com um beijo rápido. Vera acompanhou com o rabo dos olhos o fechar da porta, levantou-se, caminhou até o armário de bebidas e arrancou uma garrafa de gin. Essa noite precisará de gin.

Suficientemente amortecida, ela checou o quarto da filha. Dormia como um mimado querubim bizantino. Recolheu as chaves de seu carro e desceu. Suava frio, sentia sua barriga dando voltas. Entrou no carro e engatou a primeira em seu plano.

A noite estava fresca e tranquila, com uma lua cheia digna de um jazz outonal em Paris. O carro de Vera passeava tranquilamente pelas ruas estreitas da cidade, planando pelo asfalto. A primeira parte do plano era checar a casa de Rodrigo. Mesmo que ele fosse ao tal Palácio - como ele iria, Vera tinha certeza - Caio realmente passaria antes na casa do amigo. Com uma lenta passada com seu carro identificou o automóvel de Caio estacionado. Um importado com a sugestiva, e irônica, placa MEU.... era facílimo de reconhecer. Vera ainda tinha tempo.

Vera encostou seu carro algumas quadras depois. Vale mesmo a pena fazer isso? E se não der certo? E... se der certo? As dúvidas se afugentaram quando lembrou que ele passaria a noite com meretrizes... Não, meretrizes não, nome pouco vulgar para quem se metia (ou era metida) com seu marido, eram putas, biscates, pistoleiras. O jazz que tocava naquela lua ia se transformando em um bop cada vez mais rápido. Lúcia olhou-se no retrovisor, viu a profundidade felina de seus olhos pintados, o olhar venenoso de uma mulher irada, engatou a marcha e dirigiu sem pestanejar até o Palácio.

A fachada do bordel não disfarçava seu real intento. Entrar ali achando que se tratava de um bar normal era impossível. A porta dupla, com películas negras que impediam visualizar o interior e um diminuto toldo bordô imitando os hotéis nova-iorquinos, os neons rosas, vermelhos, brancos e azuis que desenhavam e piscavam torres de um palácio árabe, o cartaz com uma advertência contra menores de dezoito anos. Era realmente uma zona. Vera Lúcia estacionou seu enorme carro alguns metros antes de chegar ao inferninho. Caminhou etilicamente confiante até a porta negra e entrou.

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Paro aqui para continuar semana que vem. Folhetim que se preze acaba em situações chave. Mastigarei o final por mais um tempo.

Continua...

2 comentários:

léo disse...

Mas não aconteceu nada!!! Seu Machado de Assis de 1/2 pataca! A mulher só se embebedou e saiu tendo alucinações na rua...

Agora vou ser obrigado a ler a outra parte! :/

Daniel disse...

Esse era meu real intento... HÁ!