Nada pior que ser forçado a tocar quando você está cansado e passou do ponto. Nessas horas tento me manter longe dos holofotes famintos dos outros bêbados; se você rejeitar o pedido, principalmente quando se está envolto por desconhecidos, todos o olham com desprezo. Não sou um trovador, muito menos estou aqui para entreter vocês, busco meu próprio êxtase, meu clímax, longe de desconhecidos, que buscam uma única dose de prazer momentâneo nas nossas companhias passageiras. Amanhã nunca mais a verei; daqui a duas horas, ele partirá; de agora em diante, nos veremos ocasionalmente nos corredores e sentiremos um dever obscuro e fútil de dizer “olá”. Pífio, sem significado, desnecessário.
Quando você está sentado sozinho no canto, com seu copo e seu cigarro, olhando a mesa cheia, com seus olhares, eles lhe ajudam a colocar os tijolos. Um por um, fileira apor fileira, até atingir o ápice. A paz de espírito. Só sua, onde você constrói suas histórias, seus romances, suas ideias e seus desejos. Embriagado de prazer, o restante some e, junto ao silêncio, tudo fica escuro.
E você está sozinho.
*texto meu, originalmente postado em outro blog com o nome de Donhall.
2 comentários:
de quando é o texto?
Provavelmente alguma manhã sombria de 2009 pós bebedeira
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