Tive de trabalhar durante um tarde fria e chuvosa. Ficar de plantão ao telefone, quebrar um galho a beneficio de todos. Coisa pouca e simples. Pelo menos em tese. Quando cheguei ao trabalho, resoluto em minha função, descobri-me completamente sozinho, acompanhado apenas de um computador temperamental e uma biblioteca cheia de livros vazios e algumas pérolas. Andei por entre seus ínfimos corredores, como um rato procurando pelo queijo. Kafka, já lera; Veríssimo também, Sidney Sheldon, não mais; e encontrei-me com Woody Allen. Mergulhei em seus contos filosóficos e satíricos, devorando-o simplesmente. As páginas encontraram seu fim e, logo, voltei ao começo.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
A Máquina
Hoje uma nostalgia me acertou. Eu sempre passo por um corredor no trabalho onde escuto um som que não ouvia faz anos. O tec-tec alto, voraz, impiedoso de uma grande máquina de escrever. Olhando a sala da máquina, você se sentia admirando o passado; o funcionário, sentado, com a camisa de botões aberta até pouco mais da metade, com os pelos grisalhos do peito se projetando para fora, numa visão grotesca e suada; acompanhando o aspecto alheio, um cigarro jazia no canto da boca, implorando sutilmente para que suas cinzas fossem batidas. Quase inaudível, em meio ao frenesi escritor, um rádio anunciava as últimas notícias da cidade, já o barulho do velho ventilador de ferro pendurado no teto nem se escutava. Tirando uma foto sépia da cena, qualquer admirador desatento afirmaria: isso não acontece hoje em dia.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
A maçã mordida
Alan turing idealizou a máquina universal e influenciou toda a idéia de computador, é considerado o "Newton" da computação. Sua dramática história de vida acabou com o suícidio após a prisão sob acusação de "loucura e perversão sexual", ou seja, para a época, o mesmo que ser homossexual. O matemático foi obrigado a tomar hormônios femininos, entrou em profunda depressão e, devido à obsessão pelo filme "A branca de neve e os sete anões" , se matou mordendo uma maçã envenenada. O texto conta a verdadeira história do símbolo da Apple. Muitos creditaram a maçã mordida da Steve Jobs como homenagem a Turing, mas não é bem verdade. A biografia do escritor David Leavitt contesta, mas a imagem do primeiro símbolo (acima) supre qualquer dúvida.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Novidades
Dei uma repaginada no layout do Blog, quem sabe isso vai incentivar os membros do blog a postar alguma coisa.
Também criei um Feed RSS.
Câmbio, desligo.
sábado, 5 de junho de 2010
“Tu acreditas em amor?”
***
Marina chorava deitada no divã, abrigada na escuridão de sua sala. No lado de fora a chuva fustigava a janela do pequeno apartamento. Dois dias de chuva, o mesmo número de dias sozinha. Enquanto as lágrimas escorriam pela face e pingavam do delicado queixo, ela se apegava as memórias e se perguntava se podia voltar atrás.
Levantou-se, caminhou lentamente, ainda de pijamas, até a janela. Olhando sua própria imagem triste, teve vontade de abrir-la para sentir a chuva no rosto, refrescar-se, limpar o choro, esquecer de tudo. Com as mãos na tranca desistiu, não adiantava, não iria curá-la. Não tinha mais nada a fazer além de se jogar novamente e se entregar às lagrimas, à torpe dor.
Quatro meses em que caminhou por cima dele, despiu-o de seu ego, provocou nele lágrimas. Irônico, ela pensava, agora sou eu aqui aos prantos. Como um animal cansado de ser maltratado, ele fugiu, não quis saber mais da mão que lhe trazia fel. Marina, segura, achava que estaria como antes, livre, desinibida, pronta para o resto da vida. Agora estava lá, deitada, coberta em seu pranto, acompanhada da chuva, escuridão e seu velho divã.