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sábado, 13 de junho de 2009

Budapeste

As luzes diminuem, dando aquele sutil aviso “sentem-se, vai começar”. Os corredores abarrotados começam a fluir, com pessoas voltando aos seus devidos lugares ou, desistindo de procurar um assento decente, sentando no primeiro lugar possível. Enfim o breu domina a sala. “Sentem-se, vai começar”. Tudo muito bom, conseguimos uma cadeira boa - no meio do teatro e fileira - estava tudo ótimo, até um bagual cabeçudo sentar em minha frente. Avisei a senhora ao meu lado, famosa por seu notável humor matutino e grosseria dos pampas, que teria de ver o filme torto para o seu lado a fim desviar da cabeça à frente, ação reconhecida com um agradável “Eu mereço”.

Começa finalmente o filme. Não vou comentar quanto a qualidade do longa, já que nem ao menos li o romance. A nobre senhorita ao meu lado – uma baixinha, não a de São Luiz Gonzaga – começa a fungar amavelmente. Nada contra isso, faço várias vezes, sou adepto dos fungos, ainda mais quando ataca a renite. Ô doençazinha dos infernos, sempre atacando nas piores horas, como provas, filmes e almoço. Mas chega desse papo nasal, ou começarei a divagar – um assunto por vez, certo? Os fungos, antes amáveis, começaram a incomodar um pouco, e, somados a grandiosa idéia de colocar as legendas do filme no limiar inferior da tela e à notória cabeça, começaram a me dar nos nervos.

Quando fico nesse estado inquieto, começo a bater o pé, hábito muito apreciado nas salas de aula e teatros. Com o capricho de uma deusa grega, a Dama das Pradarias Rio Grandenses disse um singelo “Porra bicho, para com isso, coisa chata”, acabando com meu barato galopante. Estranhamente a fileira continuava a tremer mesmo com o cessar de meus coices, e sentia o olhar gaúcho me fuzilando por algo que não fiz.

Mas, ainda assim, contrabalanceei a situação e, para encurtar o relato, vi o filme até o fim. E, com essa pequena história, fiz você, venerável leitor, perder alguns minutos de existência filosoficamente útil. Espere a Carol postar algo para melhorar o intelecto deste blog.

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