Páginas

sábado, 24 de dezembro de 2011

Retiro

Retiro de fim de ano proveitoso. O nada para fazer resulta no tempo para fazer algo. Ainda mais com um computador quase sem internet. Três livros excelentes lidos, em pouco mais de uma semana, são o saldo positivo, algumas caixas de cerveja são o saldo colateral, e nada como saldo negativo. Esse é o fim de ano que procuro.

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

Até agora, O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde), Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e o maravilhoso conto de fadas A Revolução dos Bichos (George Orwell). Ficar entediado ou triste como? Recomendo fortemente esses três clássicos para qualquer um interessado em boas histórias com algo mais.

Oscar Wilde, como sempre, discorre sobre a tríplice Alma, Corpo, e Pecado, usando a vida do jovem, ingênuo e rico, Dorian Gray. O jovem é conduzido e educado para a vida social da Londres Vitoriana, por um Lorde, famoso por humor ácido, epígrafes polêmicas e esteticismo rebuscado, que resulta em um pacto que fará Dorian renascer.

 

admiravel-mundo-novo

Aldous Huxley (em 1931) prevê um futuro onde a sociedade é estável e eugênica, em que lutas sociais não existem (mesmo que as castas genéticas sejam bem determinadas), paixões, religião e família (ser vivíparo é uma vergonha antissocial) são incômodos sanados que impediam o avanço da civilização, em resumo, as engrenagens são bem lubrificadas e funcionais. Drogas e álcool não existem, foram substituídos pela droga perfeita, que não tem efeitos negativos e é distribuída pelo governo, o soma, e o sexo “promíscuo” é incentivado pela sociedade. Em resumo, todos são felizes. As perguntas do romance, conduzidas em versos de Shakespeare é: teria isso valido a pena? Seria esse o nosso futuro?

 

revolucao-dos-bichos-george-orwell

O mais famoso dos três, creio eu, a Revolução dos Bichos: um conto de fadas (1945) reconta o mito da revolução soviética da maneira mais didática possível. O ideal de 1917, sendo conduzido pelos porcos Napoleão e Bola-de-Neve, opa, perdão, por Stálin e Trotsky, e o resultado lamentoso em que a Rússia – ou Granja do Solar? – atingiu no fim da Segunda Guerra. Afinal, “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que os outros.” Ao contrário do que já ouvi falar, o livro não é uma crítica ao Comunismo, mas ao caminho que os soviéticos seguiram e a falta de crítica real que a imprensa britânica tinha com a URSS nos tempos de guerra (afinal, não se criticam aliados de guerra...)

 

Na fila, pronto para o abate, está outro o clássico de Orwell, 1984. E mais duas caixas de cerveja bem geladas.

Embale tudo com Chico Buarque, Secos e Molhados, Led Zeppelin, bons e clássicos Bebops e Blues e outras dúzias de gigabytes de músicas, e você terá um bom fim de ano.

Isso é só uma Nota de rodapé entendida, só para informar e recomendar esses livros, que nem precisam de recomendação, seus próprios nomes tem peso de ouro.

E agora, como de praxe, desejo um bom Natal e fim de ano a todos que visitam esse pequeno e acanhado Pântano.

Boas festas!

PS: Como texto de fim de ano, recomendo, para quem não leu, a Revisão.

Nenhum comentário: