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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Canción para mi poltrona

Cruzei as pernas como uma índia, sentei na poltrona da sala – aquela que eu uso pra tomar café oito horas da noite – e tomei uma canequinha, só que dessa vez quatro horas da tarde. Ao lado da poltrona estão os cds, dvds, revistas, porta retratos, recordações de viagem e, atrás de tudo, as coisas escondidas, os discos que eu mais gosto e escondo pra escutá-los quando eu realmente lembrar, sem vê-los.

O compilado do Fito Paez é um dos que eu não venderia nem pelo meu fígado. O argentino nem sequer tem qualidade musical – em quase todos os sentidos da palavra -, mas tem o sentimento e até o cheiro de córdoba. O cd é pirata, tem como primeira faixa Canción para mi muerte, a música mais triste, e mais ainda é a coleção que segue nas outras selecionadas. No meio da música, o Fito larga um thurururururutchururá. Tipo a Paula, minha hermana, que chorava deseperada de saudade do namorado, mas, entre o soluço, ria de qualquer coisa que passava. Ela mesma gravou o cd e, propositalmente, escolheu a primeira música. Lembrava de mim.

O rádiozinho, que eu ganhei da Letícia, fica ao lado da poltrona, aí não preciso levantar pra colocar os cds. Como o dia foi absurdo de bizarro: tive minha primeira tpm depressiva, escutei três pessoas chorando e meu irmão lembrou de me ligar, fui obrigada a lembrar das minhas viagens de fuga e, é claro, da argentina e, então, de córdoba. Fito Paez. Começaram os violinos tristes, o pianinho, eu relaxei, meus ombros baixaram, minha perna esticou, Hubo un tiempo que fue hermoso y fui libre de verdad, guardaba todos mis sueños en castillos de cristal. Poco a poco fui creciendo y mis fábulas de amor se fueron desvaneciendo, como pompas de jabón. Te encontraré una mañana dentro de mi habitación y prepararás la cama para dos...

Não vale a pena escutar quem não viajou, quem não conhece e gosta de Fito, mas vale a letra. Os Sui Generis escreveram a música, e é a canção pra quando um deles bater as botas. A thata super ama, mas acho que nunca contei essa história. Aqui está.

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