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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Boa Sorte

É tão bom ver uma aracuã de novo. Ainda mais aqui, em plena área urbana, no pequeno verde perdido no concreto. Dá-me uma esperança, uma faísca de fé que nem tudo está perdido. Avistar uma ave dessas, hoje, deveria ser um bom presságio, assim como ver uma esperança verde, mas - não como essa - um sinal de dinheiro a vista; um sinal, porém, de que algo bom, puro e simples, vai acontecer.

A ave balançava com a brisa no galho de embaúba. Seu canto tosco parecia tentar me chamar, “Estou aqui, trago-te boa sorte”, depois voou. Na hora me levantei e fui dar uma volta. No caminho uma borboleta amarela me cruzou o caminho. Segui-a com os olhos enquanto, no seu frenesi alado, visitava as flores rosadas na copa de uma árvore. Fazia tempo que não me encontrava assim como essas amarelas. Segui meu caminho e encontrei uma pitangueira. Mas não era uma pitangueira normal; copa baixa e larga para alcanças as frutas com as mãos, pitangas grandes e maduras para um deleite, semente pequena e polpa doce para fazer licor, e longe das outras para ser só minha. Acho que é culpa da aracuã, ela deve ter chamado a borboleta para me mostrar o caminho da árvore.

Até agora escrevi - a lápis diga-se - todo esse relato medíocre e sem direção. Você lendo, deve ter se perguntado o porquê. Pois bem, deixo agora de enrolar, vou direto ao ponto.

Não acho que foi sorte encontrar a pitangueira, ela foi apenas um instrumento. Seu gosto e visão não foram importantes, mas seu cheiro... Cada vez que o sentia, lembrava de você, seus cabelos, seu perfume. Eu lembrava que ia vê-la mais tarde e como isso me faz bem. Não foi sorte que a aracuã trouxe como eu pensava antes, mas ainda foi algo puro e simples, como eu esperava: a vontade de ver meu amor.

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