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sábado, 17 de outubro de 2009

Fuck Carpe Diem

Depois de um ano de trabalho, existe aquele flutuar parecido com a hora de embarcar para bem longe. Aqueles dias de sublime alegria, onde até pegar chuva na ida pra casa é gostoso. Tudo isso pode terminar em um passe de mágica, como um soco no estômago que dura cinco minutos, e toda ilusão de estar voando até o hemisfério norte despenca como o avião da TAM e sem poder prever.

Faz algum tempo, fui a uma exposição que tinha dez entradas. A reação dos visitantes nunca era igual. Eu quis tentar os dez caminhos para descobrir se algum deles era especial, mas um casal angolano preferiu começar pelo lado com menos fila. Eles queriam aproveitar o café do andar subterrâneo. Como o meu foco era conhecer todo as obras, e como o costume, poder contar para o Nuno qual delas era A“the” mais bizarra usando os critérios portugueses, fiz o arranjo ou combinação das entradas (tô pedindo demais do meu cérebro), e demorei quatro horas para ver repetidamente as 25 obras de um pintor Espanhol. A obra que deu nome à exposição ficava no centro. Todos os caminhos começavam por ela.

Não adianta reclamar do que eu não vi. Sempre me achando a madura, nunca imagino que o final que eu espero pode não ser o que previ, e caio em velhos truques de estado. É tipo aquelas conversas no msn problemáticas, onde a pessoa fala alguma coisa, você lê com a entonação errada, e cria-se uma inimizade instantânea, como a conversa furada. Não adianta, a primeira obra, ou o começo de tudo pode ser o mesmo, mas a sequencia não se repete.

Então, acreditei na bola de cristal mais uma vez, mesmo avisada pelo meus professores sociólogos: “não podemos prever as relações da sociedade, onde cada célula deve decidir por si”, mas é que, só para mim, o outro não tinha melhor saída do que ficar ao meu lado. E realmente não tinha. Mas quem disse que sempre escolhemos a maçã da Eva? Eu tenho um pote de requeijão e um de nutella. A melhor opção é a nutella, mas no café da manhã, passo o requeijão. Nem sempre escolhemos o mais gostoso.

Mas, acabando a minha divagação sobre as escolhas, é fato que vamos pelo mais fácil. Para nós. Não para o outro. Pra quê tentar? Ir atrás de algo que pode não exisitir? Sacrificar-se por um caminho que pode ter 917497974 outras ruas e ter de nadar em uma piscina desconhecida? Acho que não. Então, restam clichês do Carpe Diem, viagens de fuga, baladas gay e o jornalismo. Mas, por hoje, por amanhã, e talvez depois, eu mereço um café enrolada no cobertor na melhor poltrona da minha sala.

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