Páginas

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Flâneur

Minha professora de Estética e Cultura de Massa pediu uma tarefa bem conceitual. Um flâneur. Com o meu máximo de experiência estética baseado na agenda do Salvador Dalí, fui desafiada a escrever uma crônica no estilo do O homem na multidão de Allan Poe em menos de uma semana. Para os desavisados, o texto é a descrição de um personagem no qual o autor seguiu. E a tarefa é essa: seguir alguém.

A professora, quase sóbria, disse que devemos caminhar com a cabeça em extrema concentração, sem pensar nos trabalhos acadêmicos, na conta do banco ou em sexo. Devemos observar cada detalhe, gesto, palavra sem que a pessoa nos veja, anotando os ambientes e imaginando a vida alheia. Em seqüência, deveríamos escrever uma crônica.

Descobri o paradoxo! Como fazer isso sem pensar que tenho que fazê-lo. Se a professora quer o sublime do ócio, não deveria pedir a perseguição como um trabalho acadêmico. Andei atrás de três caras, matei aula de redação, mas não consegui fazer sem pensar no trabalhinho como sendo com data marcada. Anotei ruas, cores, nomes, encarei várias vezes as vítimas. Não escrevi a crônica, mas hoje tenho minha última chance. Amanhã posto aqui.

Nenhum comentário: