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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O caso (parte I)

homem-mulher-fumando

Os dois se conheciam há anos. Na verdade, desde o ensino fundamental. Chegou o ensino médio, foram estudar na mesma escola; chegou a faculdade, ai tiveram de se separar. Mas apenas no curso, o campus era o mesmo, então sempre tomavam um cafezinho juntos. Conversa vai, conversa vem, acabavam se atrasando para a próxima aula, ou, pior, para o encontro com seus amantes.

Agora, percebi que tenho de me aprofundar um pouco mais. Estou falando de amigos de sexo diferentes. Um casal, podemos chamar. Mas não um casal amoroso. Um casal amigo, desses de contar todos os segredos e se perder na companhia. Eram ótimos amigos. Nunca foram ou pensaram em ser amantes, apesar de tudo. Tudo? Sim. Batiam em tudo. Menos no gosto musical. E isso era o bastante. Incrível, não? Ela gostava de rock alternativo, ele do rock clássico. E isso parecia o suficiente para separá-los. Ao menos para eles. É até fato que hoje eles têm seus amantes. Ele uma fixa, que mora para uma das cidades do oeste, ela um namoradinho, nada muito sério, mas que mora aqui em Florianópolis.

Mas era uma amizade bonita. Saiam juntos toda semana, se divertiam, bebiam, faziam piadas sujas e trocavam olhares sacanas. Mas tudo começou, se alguma hora eu conseguir contar essa história, depois que os dois resolveram parar de fumar. Não é bem “resolveram parar”, mas foram obrigados a parar. A namorada dele tinha a doença mais abominada por todos os fumantes do mundo. Não, não é câncer ou asma ou até bronquite. Ela tinha rinite. Na verdade, tem rinite, porque ela não morreu, né? E parar de fumar por causa da namorada é uma coisa normal, mas quando ela mora em outra cidade e vocês só se veem nos fins de semana e feriados, é sacanagem. Se a distância é maior que 100 quilômetros, não há motivo para parar, certo? Não sei... Enfim, ela parou de fumar por que o namorico não gostava de como o cheiro grudava nos lençóis e vestidos dela.

Só quem já fumou sabe como é para largar o cigarro. Então podemos dizer que o amor dele por sua namorada e dela por seus perfumes e amado era maior que o pelo cigarro. Será mesmo?

Mal sabiam eles que dentro de pouco teriam um caso...

Continua...

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